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VISÃO DO MARIDO SOBRE A REVELAÇÃO DO DIAGNÓSTICO


Ainda no clima de aniversário de 14 anos juntos...
O texto de hoje, ficou por conta do maridão!
Aqui ele fala de como se sentiu, quando recebemos o meu diagnóstico de EM.






          Olá pessoal, sou Luiz Oliani, marido da Branca, estamos juntos a 14 anos, durante esse tempo vivemos muitos altos e baixos que nos ajudaram a ficar mais fortes, mais unidos!
         Quando a Branca me disse que não estava enxergando com o olho direito, fiquei preocupado...não imaginava o que poderia ser e quando ouvimos da oftalmologista que ela não poderia fazer mais nada, que nem ela estava entendendo o que estava acontecendo e que as alternativas eram: tumor no cérebro ou esclerose múltipla, foi um susto enorme.
        Por orientação da oftalmo, fomos ao neurologista, que pediu mais um monte de exames, com os resultados em mãos, voltamos e recebemos o diagnóstico...Esclerose Múltipla, a Branca ainda saiu do consultório fazendo piada, mas ainda no carro caiu a ficha e ela chorou... chorou muito, fiquei abraçado com ela, esperando que se acalmasse, mas no fundo eu sabia que daquele dia em diante, nossa vida não seria mais a mesma.
       De repente receber a notícia de que a sua mulher, a sua companheira, mãe dos seus filhos, tem uma doença degenerativa, progressiva e sem cura, causa um certo desespero, mas não podia transparecer esse sentimento, pois tinha que segurar a “onda” dela, me mantive firme e forte e dizendo para vivermos cada dia como se não tivesse diagnóstico algum, vamos viver a vida.
      Menos de um mês do diagnóstico, ela teve que ficar internada, não por causa do olho, porque nesse aspecto os neuros não tinham esperanças de recuperação, e sim por conta das pernas, sim o surto tinha afetado as pernas também. Foi difícil acalmá-la por conta da internação, ela chorou o dia todo, foi de casa até o hospital chorando e continuou assim durante os sete dias de internação, eu dormia com ela no hospital, e durante o dia, ia para o trabalho e no caminho pensava ela tem que sair dessa, senão FODEOOOO!
No sábado que ela teve alta, não conseguia andar, não entendi direito...eu internei minha mulher sem enxergar, e peguei sem enxergar e nem andar! Tinha que carregá-la até para ir ao banheiro e pensei...segunda-feira tenho que trabalhar e como ela vai fazer?
       Acabei ficando uma semana de licença nojo “perdi minha avó”, durante esses dias, ela foi se forçando mas quando voltei a trabalhar, ela ainda estava muito dependente.
Retornamos ao neuro para pegar as guias para pegar a medicação pelo SUS, e o médico disse que na primeira dose do remédio, ela teria que ficar em observação no hospital, porque seu coração poderia parar de bater a qualquer momento...voltamos para casa e pensei, ela não vai tomar isso, comecei a pesquisar outros tratamentos, até que cheguei ao Protocolo Coimbra e disse, é isso!
       Eu não podia nem imaginar que ela fosse tomar uma medicação que fosse deixa-la em uma cadeira de rodas e com várias sequelas, se fosse para ficar “fudida” usando a medicação convencional, melhor arriscar com um tratamento natural e não depender da farmácia de alto custo.
       Conhecemos uma médica do protocolo e desde então, é isso que ela toma, Vitamina D, outros polivitamínicos, cloreto de magnésio, DHA, K2, e só...nada de medicação bomba!
       Algumas coisas mudaram, não posso negar, meu orçamento por exemplo, ficou bem apertado por conta dos gastos com o tratamento, eu assumi boa parte das tarefas da casa, porque ela não consegue fazer algumas coisas, passei algumas tarefas para os meninos porque afinal, agora todos tem que ajudar, para vocês terem uma ideia na sexta passada, ela fez uma faxina na sala e no sábado precisou usar a bengala, estava com fraqueza nas pernas, me tornei mais paciente e tolerante com a Branca, paciência é fundamental, saber que as vezes ela se sente fadigada, outras vezes, sente dores, sente medo, insegurança, algumas noites não consegue dormir bem, como não consigo sentir o que se passa no corpo dela, só me cabe apoiar e cuidar em qualquer situação.
      E assim vamos seguindo em frente, um dia de cada vez. Vivemos como se não existisse a EM em nossas vidas, quando resolve atacar agente dá um jeito e passa por mais um dia ruim, mas os demais são tranquilos, pois vejo que Branca é esforçada e não se deixa abater e isso me dá esperança que seguir em frente. O segredo é dar risada da desgraça ahahahaha, tem que ter muita paciência e esquecer os dias ruins... viva e se lembre sempre dos bons momentos.


Beijo tchau.